Conheci alguém...



Quarentenamos a mais de 130 dias por aqui, e nesta há uma grande oportunidade de me conhecer, então lá estou eu tentando descobrir quem sou e o que eu quero ser, o problema é que sou muito boa nisso, sei que eu sou em toda sua extensão teórica, e no mesmo sei quem quero ser, mas então resolvi fazer mapas imagéticos que tanto aprendi na faculdade para me ajudar nessa tarefa tão difícil e ai uma coisa maluca aconteceu! Eu encarei minhas fotos uma assim ao lado da outra e não conseguia compreender quem eu via, eu não sabia quem era aquela estranha e continuo sem saber, eu acho que ela é bonita e o tal sorriso que ouvi a vida inteira, aquele beijo do peter pan que minha mãe sempre mencionou é eu consigo ver, é meio esquisita o rosto meio quadrado, mas eu vejo uma beleza ali de algum jeito, o problema é que não faço ideia de quem ela é, se me pegarem em um dia de muito estresse e me mostrarem a foto sou capaz de dizer que não conheço! Bom, não não é verdade, meu cérebro sabe, a primeira palavra que vem é "sou eu!" mas eu mesma não sou, não me vejo ali, como poderia ser aquela ali se sou essa daqui? Como o que vejo que sou pode não condizer com o que sou realmente para o mundo externo, essa diferença me assusta, me surpreende, imaginei que já havíamos passado dessa fase, mas mesmo assim não há o que mudar, que absurdo ser duas pessoas em uma não reconhecer os próprios olhos, o próprio reflexo só vê imperfeições, talvez haja muito mais nesse trabalho de se auto conhecer do que simplesmente saber em que direção quero seguir, talvez eu precise de anos para conhecer a estranha que mora no meu reflexo, se ela é uma pessoa interessante, se era é amigável, quem será que é ela? Me cria a questão: Será que as pessoas sabem quem mora em seus reflexos? Será que todos tem plena ciência de como são de como se parecem, da voz que tem, da risada que riem? Será que isso é comum as pessoas simplesmente vivem sem saberem direito como os outros a enxergam e sem fazer as pazes com essa imagem? Tantas questões me abriram imagens tão bobas, agora encaro minhas mãos pensando quem são e o que sentem, quão estranhas podem ser como se descobrisse uma nova casa, como se descobrisse meu corpo dentro de mim e como fazê-lo sair... curioso, me pergunto o quanto disso é disseminado, o quanto as pessoas conhecem de suas próprias mãos, seus próprios rostos seus próprios corpos, a consciência de quem são fisicamente será algo natural ou surpreendente? Como posso me espantar tal qual a uma criança de 3 anos com meu corpo, meu rosto, estou a tanto tempo me construindo por dentro que não prestei atenção na beleza de se ter um corpo físico, tão efêmero e mutável, mas totalmente meu eu devo achar um meio termo entre o auto conhecimento e a futilidade, algum lugar onde eu possa me amar.


- Meg

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