Me pergunto...

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Hoje Janete veio limpar a casa, disse que Leo não acredita em forças negativas, aquelas que envolvem pessoas e as levam a fazer coisas horríveis, aquelas forças que parafraseando ela "ta de boca calada e mesmo assim ce já ta caindo pelas pampas" que te sugam, e me perguntou no que eu acreditava, bom eu não sei comecei a falar sobre Hobbes e Rousseau, coloquei Locke em jogada e disse como gosto de seu pensamento, mas em um segundo falávamos sobre todas as crianças que em suas inocências destruíram meu espirito, eu me lembro quando me falaram que eu era um bebê, quando não me deixavam brincar, quando eu ficava sozinha todas as manhas, me lembro de todos os nomes ruins "você só pode brincar se você for a cuca sua horrorosa" de todas as risadas malvadas, de minhas próprias amigas correndo de mim só pra ver a idiota procurando, falando mal do meu cabelo muito liso, fedido, não ele não era... Me lembro de minha mãe dizendo que era ciumes aumentando meu ego, fortalecendo o que era dia a pós dia destruído, a escola pode ser um lugar terrível. Me lembro de crianças que cresceram comigo, que me viam todo dia e com as quais eu mal falava falando mal de mim, rindo e cochichando, me lembro de tremer toda vez que via duas meninas cochichando, me lembro de chorar no banheiro com medo com paranoia "era sobre mim?" e quantas vezes foram, me lembro dos nomes, gorda, quatro olhos bom essa foram poucas vezes, não era um bulling normal bobo, era exclusão, diferente, esquisita. Me lembro uma vez que um cara que cresceu e que falava tão tranquilamente comigo resolveu que eu estava de fraldas a uma ida ao Hopi Hari, no fundo do ônibus gritavam "fraldário" e eu me convenci de que aquilo não tinha nem coerência gramatical, no ano seguinte todos queriam minha coca cola com rum, me lembro das risadas, de quando roubavam minhas ideias de brincadeiras e me excluíam das mesmas, quem tinha inventado a coisa de família mesmo na classe? Brincadeiras de escrever no bilhete e passar para continuar a historia eu li no Tumblr, e de repente o bilhete não passava pra mim, sabe foi tanta coisa, as pessoas iam aos meus aniversários não por mim mas pela festa minhas amigas me excluíam em tantas coisas pequenas, se eu estava brincando de Barbie com mais duas de repente a  minha era traída, esquecida, deixada sozinha em casa e por que? Por que tanto desagrado? Tantas palavras pelas costas? "Não li e nem leria o que ela escreve eu sei que é um lixo" "tudo que ela fala é ridículo me da vontade de enfiar a cabeça na terra" "Se ela ta assim por que não se mata de uma vez?" "na verdade só você que ta errando os passos" tanta marra e pra que? 
O que será que faz de mim um alvo tão fácil? Eu me tornei uma pessoa arrogante, mas eu juro que não fui eu que comecei... De qualquer modo, já foi. O que fica na minha cabeça é onde foram parar essas pessoas, o que se tornaram? Será que se me vissem hoje ainda teriam resquícios das crianças que foram? Se eu encontrar com o homem que se tornou o garoto rindo de mim e gritando que eu estava de fraldas será que ele vai me cumprimentar? Será que será gentil? Porque eu acredito que sim, ele ira sorrir pra mim. Essas pessoas mudaram, esqueceram que um dia me torturaram, que por culpa delas eu vejo minha imagem engordando se olho demais pro espelho, eles não se lembram de terem me machucado? E será que mudaram mesmo, se todos se juntassem seriam eles cruéis outra vez? Seriam elas minhas amigas para falar mal por trás? Serão essas pessoas pais e mães e deixarão seus filhos fazer o mesmo com outros? Sabe isso me intriga demais pelo que Janete falou, eu me neguei a participar desse clube de teatro ridículo, mas será que eles também pararam? Será que hoje buscam serem pessoas boas ou ainda pensam que minha depressão e tendencias suicidas são "drama"? Eu fico curiosa de saber o que acontece dentro daqueles que cresceram comigo, se lembram-se de mim e se mudaram, será que fariam diferente se pensassem lá como pensam agora? Eu me pergunto se crianças são o lobo do homem, ou se somos todos adultos em branco...

Marianna M

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